Os segredos do Sangue

******Primeiro eu gostaria de salientar que esse trecho foi tirado do livro "Bruxaria Hereditária, segredos da antiga religião, Raven Grimassi", gostaria de salientar a palavra ANTIGA RELIGIÃO, a wicca deriva sim de religiões antigas mas praticas arcaicas como sacrificios tanto de animais quanto humanos não são de hipótese alguma aceita, e nem vistas com bons olhos pela Deusa, pois ela é mãe de todos, e matar um animal se não for pra manter a própria vida (ou seja: para comer) e alimentar mais vidas é inaceitável.E nem devo citar que matar humanos e come-los tambem é loucura além de ser errado e contra a lei, estamos falando de uma era arcaica e primitiva aqui embaixo, use seu bom senso. O texto foi copiado devido a falta de textos que expliquem sobre o sangue na bruxaria e os segredos e magia que o envolvem. Devo enfatizar que não apoio nenhuma pratica de magia com sangue, que envolva o corte do corpo de outrem ou do próprio corpo seja humano ou animal. O conteúdo é meramente educativo a nível de curiosidade.

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Nas primitivas comunidades tribais, o caçador e o guerreiro tinham um lugar muito significativo na sociedade. O mais valente e mais hábil entre eles era honrado pela tribo e considerado um líder. em muitos casos, o bem-estar deste individuo afetava o bem-estar da tribo. Mesmo hoje, as doenças de nossos líderes nacionais são sempre minimizadas e eles estão sempre "se recuperando bem". Para entender este antigo relacionamento, devemos considerar certos aspectos e conexões.
Antes que os humanos aprendessem a arar e criar gado, a caça era essencial à vida. Sem bons caçadores, os clãs morreriam. Caçar era perigoso, pois os humanos ainda não haviam se elevado na cadeia alimentas; as armas primitivas, como a clava e a lança, exigiam que o caçador ficasse próximo da presa e os ferimentos eram muito frequentes; muitos caçadores perdiam a vida ou ficavam aleijados como resultado da caçada. Com o tempo, o caçador tornou-se o guerreiro, arriscando a vida pela tribo. As necessidades da tribo, fossem de alimento ou de defesa, exigiam o melhor caçador ou guerreiro que a tribo pudesse oferecer.
Através dos séculos, este conceito se formou e evoluiu junto com a consciência religiosa da humanidade. O conceito de deidade e de seu papel na vida e na morte começou a ser refletido dentro de rituais e dogmas do clã. Finalmente, surgiu a idéia de mandar a melhor das pessoas da tribo diretamente aos deuses para obter favores: este foi o começo do sacrificio humano. Aqueles que se dispunham a morrer de boa vontade se tornariam deuses também. O conceito de fazer oferendas aos deuses não era nada novo nesta época; o costume de colocar comida, flores ou caça ja era uma pratica antiga. Oferecer alguém da própria família era considerado como a mais alta oferenda que a tribo poderia fazer; entre as oferendas humanas, o sacrifício de um humano desejoso de morrer era a maior das possibilidades. Com certeza. acreditava-se, os deuses concederiam à tribo qualquer coisa, se alguém oferecesse a própria vida de boa vontade.

O culto da oferenda de sacrifício deu inicio a uma linhagem sagrada de linhas sanguíneas. Os dirigentes da antiga Roma e do Egito eram considerados por seu povo como descendentes dos deuses, ou até mesmo como deuses. Membros específicos da tribo mostravam algumas evidencias de linhas genéticas que levavam até ao Velho Sangue originário de fora da Terra completamente. Isso levou a prática de sacrificar reis (o melhor do clã) e as linhas sanguíneas reais se tornaram extremamente importantes. Este é o conceito conhecido na religião pré-crista européia como Deus sacrificado ou Rei Divino.

Uma vez sacrificado o rei. Seu sangue e carne eram distribuídos entre o clã e na terra; partes do corpo eram enterradas em campos cultivados para assegurar a colheita. Sangue e carne eram consumidos pelos membros tribais, uma forma de enterro nos estômagos do clã. Um conceito similar também e encontrado no rito cristão da comunhão, associado ao corpo e sangue de Jesus. 

Depois que o sacrificio humano foi abolido, o costume continuou no ato de queimar oferendas de sacrifício em piras funerárias. Remanescentes desta prática aparecem ainda hoje na Itália, na queima da efígie de Befana, conforme descrito Ways of the Strega. As linhas de sangue ainda são muito importantes entre as famílias de Bruxas hereditárias; ter sangue de Bruxa, ou ser do sangue, como se costuma dizer é essencialà transmissão dos segredos da Arte dentro das antigs tradições familiares. Muitas famílias do Velho País nem discutem a Arte com alguém que nao seja do sangue. Este é um dos obstáculos mais difíceis em tentar ensinar (e manter) a Antiga Religião. guardar segredos do sangue é algo com que se cresce, como parte integral da compreensão do self.

No mito do Rei Divino/ Rei Sacrificado, o sacrifício é apenas parte da história; trazer de volta o melhor membro da tribo depois de manda-lo para o sacrificio era igualmente importante. Para tal proeza, criavam-se rituais para fazer renascer os deuses sacrificados e cuidadosamente traçavam-se linhas de sangue; donzelas especiais eram treinadas e preparadas para efetuar o nascimento. Elas eram virgens tipicas, inseminadas artificialmente para que nenhum homem pudesse ser identificado como o verdadeiro pai. 

Com o amadurecimento e a evolução da consciência humana, o sacrificio humano evoluiu para o sacrificio animal. que tem sido chamado de ritual do bode expiatorio. Com o tempo, esta prática tornou-se o sacrificio de um vegetal - ainda hoje encontramos a "ingestão da deidade" na cerimonia de bolos e vinhos (carne e sangue) de nossos rituais.

Na antiga tradição, era através da conexão entre corpo e sangue da Oferenda de Sacrificio que as pessoas se tornavam um com a deidade. Este é, essencialmente, o conceito do rito cristão da comunhão ou celebração eucarística. Na "Ultima Ceia", Jesus declara a seus seguidores que o pao e o vinho são o seu corpo; em seguida, diz que dará a vida por seu povo e exorta-os a comer de sua carne e beber de seu sangue ( o pão e o vinho).

Acreditava-se que o sangue continha a essência da força vital. A morte do rei libertava o espirito interior sagrado e pela distribuição de sua carne e seu sangue ( para o povo e a terra), o céu e a terra eram unidos e essa energia vital renovava o reino. Remanescentes dessa prática ainda podem ser claramente vistos na antiga Religião, embora sejam velados e altamente simbólicos. O Rei Divino/ Deus Sacrificado aparece sob vários aspectos através dos tempos; sua imagem pode ser vista em Jack-in-the-Green, O Homem Encapuzado, O Homem Verde e o Enforcado do Tarô. Ele é o Senhor da Vegetação, ele é a Colheita e, em seu aspecto selvagem ( ou livre), é a Floresta.


O Príncípio do Rei Divino nos Tempos Modernos

Você pode estar pensando sobre a relevância deste conceito nos tempos modernos. Os princípios do Rei Divino/ Deus Sacrificado podem parecer completamente estranhos e anacrônicos em nossa chamada Era do Esclarecimento. Pode parecer uma surpresa saber que ainda vivemos numa sociedade como esta mesma antiga idéia fixa, mas pense nos fãs e nas celebridades de qualquer tipo como um exemplo desta mentalidade.

A primeira vez que este antigo princípio nos tempos modernos me ocorreu foi quando observei as pessoas falando sobre os times de futebol delas. Uma pessoa diria"ah nós arrasamos com vocês no desempate..." a outra contaria as vitórias precedentes do seu próprio time. Elas estão se identificando com os vencedores quando usam o termo "nós". Comecei a notar como as pessoas exibem sua coleção de objetos autografados, que foram propriedade de algéum famoso; isso parece eleva-las de algum modo, e os outros são levados a admirá-lá pelas relíquias que possuem. Isto se aplica muito bem aos fãs de astros do Rock ou de cinema.

A pessoa que possuía o objeto não tinha mudado ou melhorado desde o dia antes de comprar o objeto; então por que ele ou ela era agora um foco de admiração? A resposta está no fato de que ele ou ela agora possuíam um pedaço de moderno herói popular; a porção de poder havia sido transferida a ele ou ela através da conexão com o objeto, antes em íntimo contato com o herói. Esta é a base do antigo princípio; algo profundamente embebido na mente grupal e em nossa antiga memória genética.

Este conceito pode ser levado ainda mais além se pararmos para considerar os efeitos de ter o time "número um" como sendo da própria cidade de alguém. Observei este fenômeno aparecer quando um time de uma certa cidade se qualificou para seu primeiro jogo do campeonato. A comunidade tornou-se viva e unida de um modo como eu nunca havia visto antes; bandeiras apareceram em todos os lugares e quase todo mundo usava as cores do time. em qualquer lugar que eu fosse, as pessoas diziam "vamos ganhar" ou "nós somos os melhores", como se as ações do time de algum modo pudessem provar que a própria comunidade era a melhor.

Nos tempos antigos. o Rei Divino/ Deus Sacrificado recebia o melhor que a comunidade pudesse lhe oferecer durante o último ano de sua vida (enquanto em sua plenitude). Hoje, nossos heróis esportistas ganham milhões de dólares que ganham apenas para nos entreter ou será que estamos extraindo deles mais do que realmente percebemos?

Quando vemos nossos próprio self mais elevado na representação que o ator faz de um herói valente ou quando ganhamos prestígio através das vitórias de nossos atletas, o que realmente estamos fazendo é nos conectar com um princípio muito antigo. somos, nesses momentos, um antigo caçador-coletor admirando nossos mais poderosos caçadores e guerreiros e querendo ser iguais a eles. Neles, percebemos aquela realidade maior que a soma de suas partes; é, talvez, algo de um outro mundo ou de outro reino; talvez seja até algo dos próprios deuses.

As velhas procisões feitas a reis e rainhas continuam hoje em nossas celebrações de vitória. Em muitas culturas antigas, o chefe era considerado pelo povo como um deus ou descendente de um deus. Já que os chefes representavam a base espiritual de poder do próprio clã, era então necessário preservar a pureza de sua linhagem sanguinea, assegurando que fosse passada através de sucessivas gerações. Identificar-se com eles, ser um com eles, era um princípio que dava poder aos indivíduos; isso os fazia de algum modo mais próximos daquele algo que era do sangue.

Nos primitivos tempo do Culto da Bruxa, ensinava-se que os dons de habilidade psíquica eram transmitidos e conservados através de um elo de sangue direto da Antiga Linhagem de Sangue ou indiretamente descendentes, pelo fato de terem consumido Sangue Real durante sua iniciação na classe de sacerdote/sacerdotisa.

Num sentido metafísico, qualquer um que consumisse a essência de tal descendente também possuiria o príncípio oculto; isso lhe dava poder para passar adiante o verdadeiro corpo do Rei Sacrificado. Mais tarde, a passagem através da troca de fluídos corpóreos sexuais substituiu certos aspectos de ritos de sangue, e pode ser encontrada hoje em alguns aspectos rituais da Iniciação de Terceiro Grau, comumente conhecida como Grande Rito.


A Semente do Sangue

Quais são as qualidades que tornam alguém astuto, valente ou heróico? Quais os atributos de alguém que é um líder natural e gera carisma? Seriam apenas trações genéticos, simples química, códigos de DNA? Ou essas coisas emanam de uma outra qualidade semelhante, transmitida de uma geração para a outra? Certamente não sou um especialista em genética, mas me aventuro a dizer que os trações mencionados não são simples programas genéticos, ativados aqui e ali quando necessários; muitas vezes, os indivíduos mais tímidos conseguem realizar os feitos mais corajosos e até mesmo indivíduos obscuros podem subir a poderosas posições de liderança.

Na Strega, acredita-se que uma propriedade oculta é passada pelo sangue para as outras gerações; ela aparece mais pronunciada em alguns indivíduos do que em outros, e portanto, é chamada O Dom. Esta qualidade pode surgir em qualquer indivíduo, não importando a sua nacionalidade, e acredito que seja a força de poder que está por trás de qualquer um que realize seus sonhos ou consiga seu lugar na história. Muitas pessoas famosas afirmam que sempre se sentiram destinadas à fama ou à fortuna; deste crianças, ouviram uma voz interna ou sentiram que seriam alguém especial.

Depositada em estado latente na pessoa comum, está a antiga semente que contém o poder de atingir grandes objetivos. Isso é facilmente visto nas crianças que imitam super-heróis em brincadeiras; é vislumbrado no sonhar acordado dos adolescentes e naquelas pessoas únicas que "marcham ao som de um tambor diferente" com o tempo, muitas pessoas perdem de vista a semente de potencialidade, eventualmente rendendo-se ao serviço de outros, em seus empregos e famílias; no entanto bem dentro delas (como uma semente sob a neve do inverno) está a corrente adormecida de uma era diferente, na qual o mundo era novo e a mágica estava viva.

Essa antiga corrente é como um rio fluindo do passado; é, em parte, a Consciência Espiritual de nossos Anciãos que pode ser aberta pelas técnicas mágicas deles as velhas oferendas familiares. A memória está lá, dentro de nossa própria linhagem sanguínea, levada durante inúmeras Eras por nossos próprios Anciãos pagãos; é preciso apenas uma leve mudança na consciência para acessar a corrente ancestral, junto com um simples ponto focal conhecido como altar.

Fonte: "Bruxaria Hereditária: Segredos da Antiga Religião, Raven Grimassi.